O curioso caso da pessoa que quer escrever uma coisa, mas não cabe no Twitter ou no Instagram e está aqui. O bom filho sempre a casa torna? Eu não sei, só sei que estive aqui há 1 ano atrás exatamente e que isso é muito louco. Como anda a vida? Para variar boa, posdoc fluindo, aulas mil, reencontrando os amigos, ansiosa, manca, anêmica, capenga, mas sorridente e viciada em doramas tailandeses onde homens se pegam. Me recuperando de um amor que deu quase certo. Celular, RioCard e óculos perdidos na mesma semana. Com 3 sobrinhos agora, sendo que Luiza nasceu no mesmo dia que minha mãe fez uma cirurgia para retirar uma massa do intestino, benigna. Talvez isso explique as coisas perdidas e a tensão que ainda não baixou e a pele malcuidada. Bem, mas não foi isso que vim escrever aqui.
Hoje encontrei meu melhor amigo, sou sua madrinha de casamento e companhia inseparável há mais de 25 anos. E ele me disse que apanhou por ser gay na escola, na nossa escola!!! E de pessoas que estudavam com a gente!!! Meninos que ok, não eram meus amigos e nesse último ano a gente não era da mesma turma, mas que eram populares no colégio de freira que a gente estudava. Que dor, que vontade de dar um soco neles. Se cruzarem o meu caminho vão levar uma dura, um tapa, um cuspe, um sermão, uma encarada... Talvez. O mundo é bão Sebastião, mas nem sempre. Tem dias que ele é essa merda aí toda que nem terapia cura, que nos leva às lágrimas. E lembrando da nossa escola pensamos em escrever um livro contando como nossa infância foi fudida, como ele apanhou e foi maltratado pelos colegas, uma amiga teve sua virgindade tema de aposta pelos amigos da irmã de outra amiga nossa, uma amiga pegou o namorado com outra menina da escola e foi atropelada ao sair correndo (ficou bem, mas o surto), outra engravidou e foi hostilizada pela freira alemã, as malditas flores no dia do aniversário de 15 anos como ritual, bullying, a professora contando pro pai da sexualidade de outra amiga e ela sendo expulsa de casa, blog com senha contando segredos, amiga tomando remédio para emagrecer da mãe e me ligando querendo pular da janela, filho de professor que assediava as colegas, professor que assediava alunas, saias 3 dedos abaixo do joelho, uma menina que se suicidou com a arma do pai... e por ai vai, eu fofa sempre vivendo na minha cabeça, mas eu sei disso tudo. Para onde vão as coisas dentro da nossa mente? Em que caixas guardamos nossas dores e esses absurdos? A gente tinha 14~16 anos! Hoje eu abri algumas caixas e criei mais uma. Um colégio de freiras franciscanas. "Como não fazer terapia?" "Como a gente sobreviveu?" "A gente era demais." "Eu te amo, amigo." Mudamos de escola no Ensino Médio e a realidade foi outra, uma das melhores decisões que tomei, que tomamos. Eu olho esses seriados.. Elite, Glee, sei lá, essas séries de escola e penso cara, isso não é nada perto do que foi a nossa escola. Como eu pude esquecer disso?
Em tempo, há alguns anos atrás eu fiz um curso/tirei uma certificação de ensino em língua inglesa e fui MTO participativa, porque me senti confortável e porque como venho da área acadêmica, o curso era muito fácil para mim, mesmo que se equipare com mestrado em letras. Eu sempre tinha uma pergunta para fazer, e o prof/coordenador começou a fazer "Patricia, shhh, listen!" antes mesmo de eu começar a falar ou ao que eu levantasse minha mão para fazer uma pergunta. Eu, como boa atentada comecei a contar as vezes que ele fazia isso, e isso virou a alegria da minha turma. Um tempo depois, esse coordenador, hoje meu amigo, veio me pedir desculpas, dizendo que achava que eu era A, mas que na verdade eu era uma fofa. Eu fiquei tão sem graça. Eu contei isso para o meu amigo hoje e a reação dele foi a que espero dos meus, um belo "Pfffffff'". As minhas reações favoritas são a dele, a de Paula Jannuzzi "AAAAAAAHHHAHAHAHAHAH" e a de Fernanda Gouvea "ué, mas você é fofa Pati, nem sempre, mas é." Eu amo os meus amigos.
Daqui a um ano eu volto.
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